CMU participa de projeto piloto para recuperar
áreas na micro bacia do Córrego Alegria
O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Uberaba, vereador João Gilberto Ripposati (PSDB), participou de uma visita a micro bacia do Córrego Alegria, afluente do rio Uberaba. Ele faz parte de um grupo de trabalho que desenvolve um projeto piloto na cidade, dentro do qual será feita a recuperação ambiental das áreas degradadas existentes dentro da micro bacia do córrego. A área foi a primeira a ser escolhida, por possuir um número considerado pequeno de nascentes, 13 ao todo, de 453 existentes em toda a Área de Proteção Ambiental (APA) do rio Uberaba, ou seja, 2,8% do total.
O córrego Alegria ficou muito conhecido em 2003, devido a uma verdadeira tragédia ambiental ocorrida no dia 10 de junho. Um descarrilamento de vagões de um trem da Ferrovia Centro-Atrântica (FCA) derramou produtos tóxicos nas águas do Alegria e, consequentemente, no rio Uberaba, deixando a cidade oito dias sem abastecimento de água.
A APA é um tipo de Unidade de Conservação de uso direto, reconhecido pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação, destinada a conservação da biodiversidade, onde se permite utilizar os recursos naturais de forma sustentável, estabelecendo modelos de desenvolvimento. A APA do rio Uberaba é subdividida em 13 sub-bacias superiores a quatro quilômetros quadrados de área. As outras, inferiores a este valor, foram denominadas restantes. A micro bacia do córrego Alegria está situada na área central da APA, e seu curso principal conta com cerca de 8,5 quilômetros.
O Conselho da APA firmou parcerias com vários órgãos, como a própria Comissão de Meio Ambiente da CMU, Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Polícia Militar Ambiental, Instituto Estadual de Florestas (IEF), Emater, e Secretaria Municipal de Meio Ambiente, entre outros, que montaram o grupo de trabalho, que conta ainda com a participação de estudantes do curso de engenharia ambiental.
A Comissão da OAB, juntamente com a Promotoria do Meio Ambiente, foram os responsáveis pelo levantamento realizado na área do córrego Alegria, que determinou nove pontos onde será aplicado o plano de ação. Todo o diagnóstico e o plano estratégico estão previstos para serem desenvolvidos em um período de, pelo menos, dois anos. Em seguida o MP vai chamar os proprietários das áreas para firmar parcerias. As melhorias poderão ser realizadas com recursos obtidos através de instituições, como o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e o Fundo Verde. O engenheiro civil Osmar Ribeiro, responsável pelo roteiro, explicou que o projeto não prevê uma ação punitiva, mas sim, de recuperação e até mesmo de prevenção contra outros possíveis danos que possam ser provocados ao meio ambiente.
O primeiro ponto visitado pelo grupo de trabalho é onde fica a nascente do córrego, ao lado direito da Ligação 798, sendo que o percurso passa por três fazendas produtoras de leite e duas áreas de lazer (pesque pague), até a foz com o rio Uberaba. Entre os problemas constatados, a aproximação das cercas com as margens do afluente, que deveriam ficar a uma distância mínima de 30 metros.
Ripposati avaliou o trabalho como extremamente positivo, mas lembrou que, além de recuperar as matas ciliares dos afluentes e do próprio rio Uberaba, também é preciso cuidar também dos córregos existentes dentro da cidade, e que estão sendo bastante degradados.
Quanto a situação da água do Córrego Alegria, o analista ambiental da FCA, Adriano Vilela, explicou que o monitoramento realizado no local desde a época do acidente, inclusive com análises realizadas rotineiramente em laboratório, mostra que o córrego está praticamente recuperado. Segundo ele, o índice de contaminação é muito baixo. Adriano e o engenheiro Osmar chegaram a beber da água do córrego, mas mostrar que a mesma está limpa, mas a liberação da área agora depende apenas do Ministério Público.
