Coordenador da Regulamentação vai à CMU e afirma que Uberaba está preparada para um possível aumento de casos de coronavírus

22/04/2020 11:11

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Médico que coordena o Complexo Regulador Municipal da Secretaria de Saúde esteve na CMU a convite dos vereadores e falou sobre o trabalho desenvolvido na cidade para combater a pandemia

O cenário provocado pelo Covid-19 (coronavírus) na cidade foi abordado pelo médico Raelson de Lima Batista, coordenador do Complexo Regulador Municipal. Ele participou de reunião especial no Plenário da Câmara nesta quarta-feira (22), atendendo convite dos vereadores.
O profissional, que é cirurgião-geral, cirurgião cardiovascular e intensivista, destacou que a velocidade de contaminação do vírus é muito grande e falou sobre a projeção estimada do pico de casos no Brasil, prevista para entorno do dia 15 de maio. Segundo ele, os números conhecidos até o dia 14 de abril mostram proporção de mortes inferior a 5% no país.
Conforme Raelson, o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde do dia 6 de abril já previa que municípios ou locais onde não teria casos confirmados e que não teria impactado em mais de 50% da capacidade instalada antes da pandemia, já poderia iniciar processo de transição para o distanciamento social seletivo.
“Na cidade foi utilizada esta recomendação e temos certeza de que estamos dando conta dos casos de internação hospitalar que estão surgindo”, explicou, acrescentando que, a partir do dia 16 de março passaram a registrar os casos de síndrome gripal como suspeitas para Covid-19, por determinação do Ministério da Saúde.
O médico falou sobre o cenário das contaminações e casos suspeitos registrados na cidade, com três óbitos confirmados e três em investigação. Ele explicou que as notificações de síndrome respiratória aguda grave mostram aumento significativo nos meses de março e abril, comparando com os dois anos anteriores.
Quanto aos de exames de Covid-19, realizados pelo município até o dia 15 de abril, foram 362 no total, entre rede particular e pública, dos quais 297 testaram negativos, outros 23 deram positivos e 42 aguardavam resultados (números estes que são atualizados diariamente e já sofreram alterações).
O médico explicou que a cidade de Uberaba é referência na microrregião, conforme determinação da secretaria de Estado da Saúde. Com isto a cidade atende tanto a microrregião de Uberaba, como também a de Frutal, somando população total de 593.965 mil pessoas.
Segundo o coordenador, Uberaba conta com 43,9 mil pessoas acima de 60 anos de idade, enquanto na região referenciada o número chega a 68 mil pessoas nesta faixa etária. “Este levantamento é importante para calcular a quantidade de pessoas que podem precisar de internação”, disse Raelson.
“Para cálculos gerais, se nada fosse feito, é grande a possibilidade de Uberaba ter um pico na pandemia, levando em conta os cálculos da OMS e Ministério da Saúde”, argumentou o médico. Os números na cidade indicam que 80% dos casos são de leves a assintomáticos. O representante da Secretaria de Saúde explicou que 20% requerem internação hospitalar, enquanto de 5% a 10% do total de casos precisam de internação em terapia intensiva, com suporte de ventilação mecânica para 54% a 57% dos pacientes que estão em UTI.
“Teoricamente, para uma população de 600 mil, o número de internações poderia chegar aos 60 mil casos, com 50% a 70% da população contaminada. Levando-se em conta que metade da população seja contaminada, 20% vão requerer internação hospitalar, ou seja, 60 mil pessoas. Destas, de 5% a 10% requer internação em terapia intensiva, que geraria média de 15 mil internações em CTI”, avaliou o cirurgião.
Raelson lembra que, segundo estudos mundiais, o suporte mecânico é necessário para 54 % dos internados em CTI, que requerem utilização de ventiladores, isto significaria 8,1 mil internações, sendo 3,4 mil acima dos 60 anos de idade.
“Essa é a grande razão pela qual precisamos manter o afastamento social e todas as precauções necessárias. Assim como qualquer outra parte do mundo, não conseguimos atender uma quantidade tão grande de pessoas de uma só vez”, acrescentou.
De acordo com o médico, se não for feita a transmissão de forma controlada, gradativamente, a quantidade de casos superaria, e muito, a capacidade do sistema de saúde do município. “Se não fosse tomada nenhuma providência, a linha de contaminados aumentaria muito mais”, afirmou.
Para ele, a curva está bastante achatada, e se o governo municipal não tivesse realizado ajustes, apenas postergaria a saturação do sistema de saúde.
Leitos – Conforme explicou o coordenador do Complexo Regulador Municipal, antes da pandemia, Uberaba contava com 128 leitos de terapia intensiva, sendo que a atual realidade de internações está bem abaixo da capacidade. “Isto mostra que temos capacidade para atendimento dessa população, caso seja necessário”, disse ele.
Ainda de acordo com ele, se considerar um respirador para cada leito, atualmente o Hospital regional conta com 15 leitos imediatos de terapia intensiva, mas a quantidade pode ser ainda maior. “Conforme as indicações técnicas há uma necessidade de 54% de ventiladores para pacientes internados em terapia intensiva. Se levarmos em conta isto e a RDC7-2010, que fala na utilização de um ventilador para cada dois leitos, e ainda uma reserva técnica de um ventilador para cada cinco leitos, seriam necessários sete ventiladores para cada dez leitos, desta forma, Uberaba já tem 20 leitos de terapia intensiva”, explicou.
O coordenador continua, “além disso, se levarmos em conta um terceiro cenário, precisaria adotar o cálculo de 54% , com cinco a seis ventiladores para cada dez leitos, podendo se expandir para até 27 leitos de UTI no Hospital Regional, prontos, em último caso”.
É levada em consideração, ainda, a possibilidade de caos, que ele afirmou esperar que não aconteça em Uberaba. “Esta medida foi utilizada na Europa, na Itália e na Espanha, que é de usar o mesmo ventilador para até dois pacientes, o chamado compartilhamento de respiradores. Com isto é possível chegar a até 55 leitos, com potencial de atingir os 60”, disse o médico. Os números já levam em conta os seis ventiladores que foram cedidos por empresas da cidade e que atualmente passam por testes de funcionamento.
Segundo Raelson, há uma estimativa de que todo o Hospital Regional pode atingir os 172 leitos de internação hospitalar. Atualmente, o hospital está parado, bloqueado e dedicado exclusivamente ao atendimento de casos de Covid-19 para Uberaba e região.
“Além da capacidade dos 128 leitos que tínhamos lá atrás, temos também outros 40 disponibilizados, sem contar os leitos de pediatria. São 67 leitos exclusivos, entre hospitais públicos e particulares”, acrescentou.
O coordenador explicou que, quando 50% dos leitos do HR estiverem ocupados, caso seja necessário, começarão a regular e utilizar leitos também do Mário Palmério Hospital Universitário, que é considerado a primeira retaguarda. A ideia é desocupar gradativamente o Mário Palmério, para que os pacientes sejam transferidos quando o HR atingir os 90% de sua capacidade. Tem ainda a possibilidade de utilizar o hospital São José, que se encontra desativado e é uma retaguarda para os pacientes de menor gravidade e de menor demanda por suporte hospitalar.
Cuidados necessários para adequações, de acordo com a demanda, também podem correr no Hospital de Clínicas, assim como nas UPAs. “Nós estamos trabalhando 24 horas, com a regulação a pleno vapor, reduzindo casos de pacientes esperando por internações nas UPAs. Existe um cuidado muito grande de evitar transferir um paciente que não tenha suspeita de Covid-19 para um hospital que é referência em atender casos suspeitos da doença”, justificou o profissional.
Raelson ainda explicou que nos casos de obstetrícia e pediatria, o HC permanece como hospital referência em casos de gravidez de alto risco, continuando os atendimentos, enquanto os casos de gravidez de baixo risco estão sendo desviados para o Mário Palmério.
“O Hospital da Criança continua com os atendimentos de casos suspeitos de Covid-19 e, caso seja necessária internação, o paciente é transferido para o Hospital de Clínicas”, esclareceu o cirurgião. De acordo com ele, até a data avaliada foram registrados 1.256 casos de síndrome gripal (deste percentual foram testados cerca de 1/3, ou 362), dos quais 82% (297) foram negativos.
“Lembrando que no total, o Hospital Regional conta como 160 leitos, e temos capacidade técnica para atender a população, mesmo que duplique a quantidade de casos”, disse ele.
Ainda conforme Raelson, foi feita uma projeção até o dia 15 de maio. “Conforme a linha de casos positivos registrados até agora, mostra que poderemos chegar a uma média de 50 casos, número que a cidade tem condições de atender com folga e margem para também atender a progressão de casos na região, caso seja necessário”. Até o dia 21 de abril, a porcentagem de ocupação dos leitos de UTI na cidade estava em 11%.
O coordenador de regulação também falou sobre os atendimentos odontológicos na cidade. Ele disse que podem acontecer para casos de urgência e emergência, desde que sejam agendados e realizados com os devidos cuidados de higiene, tanto para o profissional quanto para os clientes.
Sobre as academias, o coordenador disse que as situações estão sendo estudadas e avaliadas e que, infelizmente, neste momento, são atividades com muitos contatos com pessoas e aparelhos. “Estudos nacionais e internacionais não recomendam a utilização destes espaços e deverá ser uma das últimas atividades a retornar, assim como deve acontecer com casas de shows e eventos”, disse o médico. Segundo ele, o mesmo plano de contingenciamento que foi feito para a rede pública, foi feito também para a rede privada.
O presidente Ismar Marão agradeceu ao médico pela presença e pelo trabalho que está sendo desenvolvido pelas equipes que integram tanto o Comitê Técnico Científico para a Covid-19, quanto o Grupo Estratégico de Gerenciamento de Risco. Ambos funcionam como organismos de assessoramento e consulta acerca do coronavírus, acompanhando a dinâmica da sua evolução na cidade, as diretrizes dos organismos estaduais e federais acerca do assunto, bem como recomendando a adoção de medidas.
Marão também colocou a TV Câmara à disposição das equipes para a divulgação de informações relacionadas à pandemia.
Raelson finalizou afirmando que não há nenhuma omissão de dados por parte da Secretaria Municipal de Saúde, que estão sendo repassados de forma mais transparente possível. “Fazemos todos nosso papel, usando máscaras, lavando bem as mãos com água e sabão, se não puder usando álcool gel, saindo apenas quando necessário. Vamos tomar todos os cuidados necessários”, concluiu o médico.
A reunião completa pode ser acessada através da página da Câmara no Youtube, com o link https://www.youtube.com/watch?v=hsFGZYSX77E.

Jorn. Hedi Lamar Marques
Departamento de Comunicação CMU
22/04/2020

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