Diante do sucesso da audiência pública sobre Ideologia do Gênero realizada essa semana no Cine Vera Cruz, o vereador Samuel Pereira (PR) aproveitou seu tempo em Plenário para esclarecer, mais uma vez, seu posicionamento sobre o tema.
De acordo com o vereador, ele e pó vereador Afrânio Cardoso (PROS) foram convidados por segmentos religiosos da cidade [Arquidiocese e Conselho dos Pastores de Uberaba] para realizarem a audiência, cujo tema abordado preocupa representantes e fiéis das igrejas católicas e evangélicas. “No último Plano Decenal do Município apresentado, nada consta sobre ideologia de gênero. No entanto, a cada dois anos o Plano passa por uma revisão. E não sabemos quem estará à frente dos órgãos responsáveis quando isso acontecer”, disse destacando, em seguida, que irá propor uma Emenda à Lei Orgânica do Município para que não seja incluída a ideologia de gênero no currículo educacional. “Estamos querendo apenas preservar as famílias”, pontuou.
Samuel contou que, infelizmente, várias pessoas relacionam o tema com outros assuntos, como homofobia, racismo e outros tipos de discriminação. “Não estávamos no Vera Cruz debatendo questões sobre discriminação. Meu único objetivo é discutir sobre a ideologia de gênero”, frisou, se referindo aos protestos de alguns movimentos sociais, como o Movimento LGBT, que estavam presentes no evento.
Conforme Afrânio, “ eventos, como o que aconteceu na segunda-feira, são importantes para o esclarecimento à população”, disse. Samuel, por fim, voltou a ressaltar que colocará em pauta matéria sobre o tema na Câmara. “Sei que o Plano Decenal foi votado, li o projeto na época, mas ele apresenta algumas brechas. Peço aos vereadores um entendimento maior sobre a ideologia de gênero. Cabe à família a educação e orientação sexual dos filhos, e à escola transferir conhecimento aos seus alunos”, finalizou.
Como o assunto é bastante polêmico e delicado, João Gilberto Ripposati (PSDB) solicitou cautela aos colegas. “A sociedade, hoje, conta com modelos de famílias, e não podemos perder a compreensão disso. Temos que acolher e ter paciência para avaliar tudo, sem pressa, porque não há urgência nesse caso. O Plano pode voltar a ser discutido, a Casa é democrática, mas sempre com respeito às pessoas, e com paciência para que sejam entendidos todos os lados”, sugeriu. Ripposati contou que solicitou, à Procuradoria da Câmara, estudo para avaliar a necessidade de se discutir novamente o Plano Decenal no Legislativo.
Ideologia - A proposta de Ideologia de Gênero chegou a constar no projeto do Plano Nacional de Educação, mas foi retirado quando de sua votação no Congresso Nacional em 2014, por ação dos movimentos religiosos. No entanto, vários estados e municípios, ao elaborarem seus Planos Decenais introduziram a terminologia em seus planejamentos. Em junho, quando venceu o prazo para a elaboração dos planos pelos municípios, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou nota em que afirma que "a introdução dessa ideologia na prática pedagógica das escolas trará consequências desastrosas para a vida das crianças e das famílias".
A ideologia de gênero afirma que o homem e a mulher não diferem pelo sexo, mas pelo gênero, e que este não possui base biológica, sendo apenas uma construção socialmente imposta ao ser humano, através da família, da educação e da sociedade. Afirma ainda que o gênero, em vez de ser imposto deveria ser livremente escolhido e facilmente modificado pelo próprio ser humano. Ou seja, que as pessoas não nascem homens ou mulheres, mas são elas próprias condicionadas a identificarem-se como homens, como mulheres, ou como um ou mais dos diversos gêneros que podem ser criados pelo indivíduo ou pela sociedade, defende a corrente ideológica.
Jorn. Karla Ramos
Dep. Comunicação
19/08/2015